Antes de existirem os computadores e a impressora braille, produzir material impresso em braille foi uma tarefa bastante artesanal, difícil, cara e que era realizada exclusivamente por profissionais especializados, o que fazia o processo de adaptação do material didático ser demorado e dificultava muito o acesso das pessoas com deficiência visual ao conteúdo escrito em braille.
Assim como as cópias dos manuscritos religiosos que eram feitas exclusivamente por monges em mosteiros, as cópias de material escrito em braille também foram feitas por humanos durante um tempo, o que eventualmente também causava alguns erros de cópia. A partir de 1946, Dorina de Golveia Nowill começou a mudar essa realidade no brasil quando conseguiu um importante investimento estrangeiro para implantar a primeira imprensa Braille do país.
Mas mesmo com equipamentos para produção em larga escala, produzir material em braille continua uma tarefa difícil e cara, uma vez que depende de profissionais altamente capacitados e disponibilidade de espaços e equipamentos que não são convencionais, por esse motivo, produzir, distribuir e armazenar livros escritos em braille sempre foi um enorme desafio para os governos e educadores de todo o mundo.
Para você ter uma ideia do tamanho do problema, uma página em tinta com texto escrito só de um lado da folha pode gerar de 4 a 5 páginas em braille! Já imaginou de que tamanho fica a coleção de O Senhor dos anéis, de Harry Potter e a bíblia impressos em braille? Deve ficar fácil guardar em qualquer cantinho, não é?🤔
Independente dessas dificuldades, ter material em braille disponível na escola deveria ser algo normal em todas as escolas brasileiras, Mas o normal mesmo é não ter quase nada.
Alguém aí sabe usar uma impressora braille?
A impressora braille é pequena e compacta, pode imprimir textos em braille muito rápido e acredite se quiser, já está disponível em pelo menos uma escola de quase todos os municípios brasileiros.
O problema é que infelizmente as pessoas que sabem usar esse tipo de equipamento não estão disponíveis na maioria absoluta das escolas que dispõem do recurso e até o momento não se tem notícia de um treinamento para os professores dessas localidades.
O resultado são milhares de impressoras braille enferrujando nas escolas brasileiras sem beneficiar os alunos com deficiência visual, por falta de interesse do poder público e pessoas capacitadas para usar.
Como funciona uma impressora braille?
A impressora braille consegue imprimir várias páginas em braille por minuto diretamente do computador ou de um dispositivo móvel, assim como uma impressora a jato de tinta.
A principal diferença é que em vez de espalhar a tinta na folha, várias pontinhas de metal chamadas de punção espalham os furos que formam o texto em braile no papel.
Algumas dessas impressoras, além de imprimir textos, tem a capacidade de imprimir desenhos e figuras geométricas, ajudando não apenas no processo de alfabetização, mas também a ensinar conceitos matemáticos e de geometria, tais como formas, texturas e alguns objetos em duas dimensões.
Por ser um equipamento de pequenas dimensões e imprimir o material a partir de um computador, a impressora braille pode ser um importante recurso para oferecer material de qualidade para crianças cegas diretamente na escola, pois os arquivos gerados em uma escola podem ser compartilhados com outras e serem impressos para uso com os alunos quantas vezes forem necessárias.
Algumas impressoras tem a capacidade de imprimir simultaneamente o texto escrito em tinta e uma versão usando o sistema braille, produzindo material que pode ser usado tanto por pessoas cegas quanto por pessoas com baixa visão, mas essas, dificilmente você vai encontrar em uma escola aqui no Brasil.
Se esforçando para não deixar uma má impressão
Instituições como a Fundação Dorina tem grande capacidade de produção de material em Braille e se esforçam bastante para entregar livros em braille para as escolas brasileiras, mas aquele material de apoio do dia a dia que o professor usa para diversificar as atividades ou mesmo as provas bimestrais, quase nunca estão disponíveis em braille. Nesse sentido, reforço novamente a necessidade de termos pessoas capacitadas para operar a impressora.
A associação Laramara, disponibiliza em seu site um manual simplificado das principais impressoras braille disponíveis no mercado brasileiro. Consultar esse manual pode ser um bom ponto de partida para começarmos a mudar esse cenário.
Procure uma impressora braille aí na escola e se você encontrar deixa um comentário aqui para dizer se ela está em uso, ou parada.
Uma duvida , a impressora Braille tambem imprime texto em tinta? quando eu quizer um texto tambem so em tinta sem ter o braille a impressora imprime ou so imprime em braille?
gostaria de saber
Oi Leo, tudo bem? Parabéns pelo vídeo e pelo texto de apoio ao vídeo. Você colocou boas reflexões sobre o tema. Muito importante para educadores estarem cientes dos desafios.
Parabéns novamente e até mais!